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role as páginas






















Aos pés da obra genial e visionária do homem que tinha a Rosa em seu nome, imaginamos, em texto original, uma Diadorim à luz do século XXI, e assim queremos ouví-la, em sua própria voz.

Este é o propósito deste experimento cênico de criação coletiva, escrito por Márcia Zanelatto, dirigido por Guilherme Leme Garcia e livremente inspirado no Grande Sertão: Veredas.

A estreia se deu em  30 de junho, na Sala Jardel Filho do  Centro Cultural São Paulo e seguiu em temporada até 16 de julho de 2023.






o cartaz da estreia. criação rogério velloso / calma.works
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ponto de partida


















Diadorim está entre nós, em nossos corpos-vidas, nos corpos-vidas de nossos filhos. Está entre nós todo dia, na mesa do jantar, no quarto ao lado, nas ruas, no trabalho, nas escolas e universidades, nas grandes corporações, na pesquisa científica, nas fábricas, nas telas, nas artes.

Diadorim é, como nós queremos ser, a pessoa que faz caminhos ao caminhar.



Emblemática e complexa personagem de Grande Sertão: Veredas, Diadorim antecipa questões contemporâneas.

Vista como um jagunço diferente dos outros não só por sua beleza, mas também por certos comportamentos que surpreendiam Riobaldo (personagem-narrador da obra de Rosa), Diadorim pode apontar na direção do usufruto poderoso e livre dessas extremidades, masculino e feminino, bem como de todo o percurso entre elas.






O mundo binário não precisa mais ser tratado como condição ou mesmo como obrigação pela escolha de um lado. Diadorim faz caminhos para poder existir e faz uso da virilidade feminina para afirmar o seu pertencimento


_ Márcia Zanelatto.








questões






Atualmente, o cenário é distinto: se antes, entre mil estudos sobre o romance, nenhum tratava de forma exclusiva e aprofundada a personagem de Diadorim, o banco de teses da CAPES revelou no ano de 2019 mais de 70 estudos sobre a personagem, a maior parte deles na área de Letras. E o Teatro não pode ficar de fora


_Guilherme Leme Garcia, diretor


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Em todas as descrições de Riobaldo, Diadorim é um jagunço corajoso ou bravo guerreiro, ou ainda “um menino bonito, claro, com a testa alta e os olhos aos-grandes, verdes” (ROSA, 2001, p. 118).

O que queria Diadorim quando ousou vestir seus couros, tomar suas armas, engrossar seus gestos, assumir nome de homem e viver uma vida de soldado, tal qual seu amado e grandioso pai?

O que Diadorim diz a toda mulher que deseja para si a performance e os atributos que ainda hoje são entendidos como masculinos?

O que revela Diadorim a respeito do que as mulheres precisam fazer até hoje para ocupar seus lugares no sistema patriarcal e viver plenamente suas potências no mundo?

Em Diadorim, o que estará em jogo será ser homem ou mulher ou a plena fruição de uma existência única, que rompe com o gênero compulsório?

E mais: o que o totém Diadorim nos dirá de um mundo pós-gênero?







o teatro expandido

























Para o coletivo artístico que se reuniu em torno de Diadorim, esta personagem foi encarada como um spécimen, um ser objeto de estudo, observação e escrutínio. Um enigma que inspirou sons, imagens, luzes, projeções, espaços, virtualidades num ambiente de extrema liberdade criativa e empatia. Isso possibilitou que várias linguagens artísticas se conectassem - transversalmente e sem hierarquias - de maneira que o espetáculo resultante expandisse as fronteiras do teatro rumo a um amálgama multimídia. Um acontecimento com diversas camadas de conexão com o espectador que dissolvia tempo e geografia, para se alojar em um sonho. 




performance Vera Zimmermann  texto/poema e dramaturgia Márcia Zanelatto direção Guilherme Leme Garcia instalação cênica Bia Junqueira criação videográfica e projeções Rogério Velloso ambientes de luz Mirella Brandi música original e desenho de som Dino Vicente figurinos João Pimenta consultoria de movimento Renata Melo produção Taís Somaio e Sofia Papo